quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Série – Estudos Bíblicos – “Jesus Sofreu” [ Parte VIII]



No Getsêmane (Prensa do Óleo) – LC :22

Getsêmani era um pequeno jardim nas proximidades de Jerusalém, para onde Jesus inúmeras vezes se retraia para fugir da agitação das multidões. Ali, na solidão da noite, buscava intimidade com o Pai em preciosos momentos de meditação e oração. “Neste recanto solitário, havia recebido coragem e energias espirituais para enfrentar as lutas tremendas que lhe sobrevieram em seu santo ministério” (Notas e Comentários à Harmonia dos Evangelhos, Egídio Gioia, Editora Juerp, 1969, Vol. I, pág. 344). Getsêmani significa literalmente “lagar do óleo”. O lagar era o lugar onde as uvas eram pisadas, para a extração do suco. Vejamos alguns pontos de destaque na experiência do Senhor no Jardim do Getsêmani:
I. JESUS MANIFESTOU PROFUNDA TRISTEZA
1. V. 37, “começou a entristecer-se e a angustiar-se”. Entristecer-se – “tornar triste, afetar com tristeza, causar aflição, magoar, afligir, ofender tornar alguém preocupado, fazê-lo receoso”; Angustiar-se - “estar ansioso, em grande aflição ou angústia, deprimido”.
2. V. 38, “a minha alma está profundamente triste até à morte”. Observe, não apenas “triste”, mas “profundamente triste”. Ou seja, “dominado com pesar a ponto da tristeza causar a própria morte”.
3. A essência desta “profunda tristeza” do Senhor estava relacionada ao seu horror pelo pecado, não dEle próprio, mas de toda a humanidade que iria LHE cair sobre o seu corpo na cruz. Nas palavras de Pedro temos: “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados”, 1 Pe 2.24.
4. Ele podia sentir a realidade da maldição da cruz. Seria “maldito pela justíssima lei de Deus” (Notas e Comentários à Harmonia dos Evangelhos, Egídio Gioia, Editora Juerp, 1969, Vol. I, pág. 344). Paulo escrevendo aos gálatas pode dizer: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)”, Gl 3.13.
II. JESUS SE SENTIU PROFUNDAMENTE SÓ
1. V. 36, “Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani”. O Senhor levou consigo os discípulos mais chegados – “a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu”, v. 37, pois precisava de apoio num dos momentos mais importantes de todo o seu ministério terreno.
2. V. 38, “ficai aqui e vigiai comigo”. Aqui o Senhor reiterou sua carência de companhia.
3. V. 40, “nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?”. Manifestou sua decepção.
4. Ao falar desta solidão do Senhor, e sua necessidade de apoio e companhia, Lucas menciona a vinda de um anjo para assisti-LO, uma providência do Pai: “Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava”, Lc 22.43.
III. JESUS ESTAVA LIMITADO ÀS FRAGILIDADES HUMANAS
1. V. 41, “vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”. Embora o Senhor esteja admoestando seus discípulos, ao expressar que a “carne é fraca”, estava também referindo à sua própria carne a qual estava sendo colocada à prova naquele momento.
2. V. 43, “E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados”. Sobre esta experiência Lucas afirma que os discípulos estavam “dormindo de tristeza”, Lc 22.45.


IV. JESUS ENTREGOU-SE À VONTADE DO PAI
1. V. 42, “Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. A palavra “cálice” pode significar “porção ou experiência de alguém, seja prazenteira ou adversa”.
2. V. 45, “Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores”. Sem perceber, Judas Iscariotes cumpre seu papel na traição de Jesus, mas somente pode concretizar seu plano em razão da auto-entrega do Senhor. “assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas”, Jo 10.15. Paulo afirma: “o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai”, Gl 1.4.
Em Lucas 22.44, “E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra”. Temos aqui um fenômeno denominado pela ciência médica de “diapédesi”. Assim como as uvas eram moídas no lagar (Getsêmani – “lagar do óleo”) para a extração de seu suco, Cristo foi moído em sua alma a ponto dEle serem extraídas “gotas de sangue”.
O sofrimento de Cristo começou nesse momento. Dentre os vários aspectos do sofrimento inicial, apenas um aspecto de interesse fisiológico: o fato de ele ter suado gotas de sangue. É interessante que é o médico do grupo, Lucas, o único a mencionar este fato. Ele disse: “Estando angustiado, ele orou ainda mais intensamente; e o suor era como gotas de sangue que caíam sobre o chão.” Toda tentativa imaginável tem sido usada pelos modernos estudiosos tentando explicar esta frase, tentativas que sempre estão debaixo da dúvida de que isto não tenha realmente ocorrido. Uma grande dose de esforço poderia ser economizada apenas consultando literatura médica. Embora seja raro, o fenômeno da HEMATIDROSIS ou suor de sangue é bem documentado. Sob um grande stress emocional, vasos capilares nas glândulas sudoríparas (transpiração) podem partir, misturando sangue com suor. Este processo independente poderia ter produzido fraqueza e possivelmente estado de choque.
Judas (vide anexo V – A vida de Judas Iscariotes) o entrega aos soldados, os mesmo prendem Jesus e o levam para o Sinédrio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário