Teologia

Teologia [Do gr. Theos = Deus + logia = estudo]. "Estudo ordenado e sistemático do Supremo Ser e de seu relacionamento com a humanidade. A teologia tem como base a revelação de Deus que se acha na Bíblia Sagrada. E, em sua sistematização, utiliza-se de lógica e de outras metodologias para fins didáticos" (Dicionário Teológico - CPAD).

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Onisciência de Deus

O termo onisciência vem do latim: “ominis” significa “toda” e “scire”, “saber”. Em teologia esse termo é explicado como sendo uma característica essencial e não comunicável de Deus, isto é, que Deus é o único que sempre sabe de todas as coisas.
Nosso conhecimento não é igual ao de Deus. Nós precisamos pesquisar e analisar os fatos para chegarmos a conclusões que, muitas vezes, ainda são falaciais. Com Deus não ocorre isso: o seu conhecimento é perfeito. (Cf.: Hb. 4: 13; Is. 55:9; Sl. 147:5; Is. 46: 9 – 10; Rm. 11:33; I Jo. 3:20; etc.).

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Ortodoxia Protestante



Roger Olson (1999. p.571) chama atenção para o fato de que antes da ascensão do liberalismo teológico não havia fundamentalismo, embora existisse a ortodoxia protestante. Paull Tillch procurou diferenciar a ortodoxia protestante do fundamentalismo e a exaltou sobre o mesmo. Na sua visão a ortodoxia foi um movimento maior e mais serio enquanto o fundamentalismo não passava de “(...) uma forma primitiva de ortodoxia clássica.” (1999. p.272).
Entende-se por Ortodoxia Protestante o período da história nos séculos XVII e XVIII, logo após a Reforma, onde os teólogos protestantes sistematizaram a teologia dos reformadores ( ). Aqui o termo ortodoxia, do grego orthodoxia (de orthos “certo” e doxa “opinião”), que originalmente significa crença correta, é sinônimo de confessionalismo.
Para esse período da teologia protestante também é aplicada a denominação “escolasticismo”. O historiador J. Gonzalez apresenta três razoes porque se chama “escolasticismo protestante” a esse período: Primeiro porque enfatizar a sistematização do pensamento teológico. Segundo por utilizar como método a filosofia de Aristóteles e por fim porque a teologia era produto das escolas, nascia nas universidades. (1999. p. 113).
Vandermoler, comentando sobre o escolasticismo protestante, aponta vários fatores como elementos decisivos no crescimento da ortodoxia protestante: Primeiro, a educação formal. Os protestantes em busca de um pensamento sistemático na época utilizavam o método aristotélico em suas instituições de ensino. Segundo, o uso da razão. Os teólogos estavam mais abertos em usar a razão como meio de desenvolver uma teologia coerente a partir de uma variedade de textos bíblicos que pudessem ser compreendidos e ensinados. Em terceiro e ultimo lugar, a controvérsia doutrinária. A fim de alcançar uma formulação doutrinária bíblica, os protestantes se lançaram num forte debate teológico fazendo uso da lógica escolástica.
Segundo Gonzalez (1999. p.110), o escolasticismo protestante entrou em declínio no final do século XVIII, mas deixou dois legados importantes: Seu espírito de rigidez confessional, apontado por Vandemoler no parágrafo supracitado como um dos elementos contribuintes no crescimento da ortodoxia, e a sua doutrina da inspiração das Escrituras. Na busca da defesa da melhor confissão como expressão das Escrituras os teólogos escolásticos, de acordo com Gonzalez, tendiam a aceitar como cristãos aqueles que defendiam seus pontos doutrinários e excluíam aqueles que divergiam do seu ponto de vista confessional.
Com o objetivo de rebater a transição oral católica os teólogos protestantes enfatizaram a inspiração das Escrituras, defendendo que o Espírito Santo [“...] não só disse aos autores o que tinham de escrever, mas também lhes ordenou que escrevessem”. Gonzalez acrescenta que eles radicalizaram a questão ao ponto de afirmarem que [“...] os autores bíblicos não foram mais que copistas ou secretários do Espírito Santo”. Essa posição levou, no seu modo de ver, a enfatizarem a inspiração da Bíblia letra por letra. Roger Olson alinha-se a Gonzalez nesse pensamento ao declarar que a ortodoxia protestante foi marcada pela [“...] forte ênfase às Escrituras como verbalmente inspiradas, proposicionalmente infalível e mesmo inerrante”. (1999. p.571).
Um dos grandes representantes da ortodoxia protestante no século XVII, defensor extremado da inspiração verbal das Escrituras, foi o teólogo reformado Francis Turretin (1623 – 1687). Francis nasceu e morreu em Genebra, Suíça, é considerado um legítimo representante do escolasticismo protestante calvinista. Sua principal obra foi Institutio Theologia e Elenectica, um manual de teologia sistemática publicado em 1688. (Valdermolen. 1990. P. 580).
Turretin exerceu forte influëncia na teologia da Escola de Princeton (E.U.) através do seu primeiro professor Archibald Alexander (1772-1851) que herdou de Turretin a fidedignidade das Escrituras e o uso da razão para compreender a verdade cristã. Segundo Olson, a escola de Princeton “[...] traduziu o escolasticismo e a ortodoxia protestante do tipo Turretin para o contexto norte americano do século XX e criou os alicerces teológico e doutrinário que dariam origem ao fundamentalismo no século seguinte”. (1999. p. 570).
Dos sucessores de A. Alexander o mais destacável foi o seu aluno C. Hodge ( ). Hodge adotou como base da sua teológica sistemática o livro de Turretin; defendeu a inspiração verbal das Escrituras e a sua infalibilidade; no confronto com os liberais, emergentes na sua época, fez forte crítica aos mesmos chegando à condenação. Para Olson, “[...] os conceitos de Hodge sobre teologia e a doutrina das Escrituras o tornam um precursor do fundamentalismo do século XX”. (1999. p.570).
Os teólogos de Princeton, apesar de não preverem o surgimento do fundamentalismo, lançaram as suas bases ao apresentarem o Cristianismo como doutrina correta, enfatizarem a inspiração e inerrância da Bíblia e fazerem forte oposição ao liberalismo. Todavia, eles eram possuidores de um alto nível acadêmico o que os diferenciavam dos fundamentalistas posteriores. (Olson. 1999. p.575).
Percebe-se, portanto, que o fundamentalismo cristão teve suas raízes no escolasticismo protestante do século XIX vivido pelos teólogos da escola de Princeton que enfatizavam o conservadorismo teológico baseado no conceito de inspiração bíblica. Com o surgimento do liberalismo o fundamentalismo sente-se herdeiro do conservadorismo teológico e parte para a defesa do cristianismo.

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